O físico também é importante!

“A nova era é marcada pelo domínio do cérebro, e do técnico, sobre o físico.” Há dias li isto num dos blogues mais populares e instrutivos a nível nacional. Apesar de não discordar que o Futebol cada vez mais dá primazia às capacidades intelectuais do atleta, defendo que o treino físico e a avaliação física é um dos fatores que distingue os campeões dos outros! E é disso que venho falar hoje, a avaliação física e fisiológica dos atletas. Para além de dar a conhecer esta área, que ainda é desconhecida para muitos, dar a conhecer também algumas das pessoas que trabalham nesta área e que acabam por ter imensa influencia nas prestações das equipas.

Cada vez mais os clubes de topo insistem em, para além de terem um corpo clínico bastante profissional, que haja também pessoas formadas em fisiologia. A fisiologia tem vindo a assumir um papel bastante importante no Treino de Alto Rendimento através da prevenção e reabilitação de Lesões  e a análise do treino.

O papel da fisiologia passa por avaliar a parte muscular e metabólica dos atletas de modo a perceber possíveis défices físicos, possíveis entraves à pratica e/ou ao desempenho no seu expoente máximo e, não só transmiti-los à equipa técnica/corpo médico, como encontrar soluções para esses problemas. Passa por avaliações musculares na procura de défices que potenciem a ocorrência de lesões, por um acompanhamento e estudo longitudinal dos atletas de modo a perceber a evolução e a potencial ocorrência de lesão, por treinos específicos de reabilitação e/ou recuperações de défices musculares, etc. Passa por analisar o treino, a sua intensidade, o metabolismo que está “planeado” usar e o que verdadeiramente está a acontecer, etc. A fisiologia vem, acima de tudo, perceber o atleta, perceber como está a funcionar o atleta no treino e na competição!

Para tornar mais claro, deixo-vos uma das tarefas mais habituais nesta área. Através de uma avaliação isocinética é possível, se este existir, encontrar défices musculares entre o grupo muscular Quadricípite-Isquiotibiais. Este défice transmite, dependendo do seu valor, a possibilidade de rutura total do último, lesão tão natural no futebol! Após obter estes dados, o objetivo do fisiologista passa por reverte-lo, através de um plano de treino de força específico, de modo a diminuir a percentagem de possibilidade da lesão (apesar de, esta poder acontecer há mesma!).

São vários os clubes de topo e as Selecções Nacionais que têm estes aspetos em atenção. Como exemplos mais próximos, temos o SC Braga que já criou um Gabinete de Optimização Desportiva. Foi o Doutor Eduardo Oliveira, atual docente na Faculdade de Desporto da UP no Gabinete de Fisiologia, a assumir a função. O Barcelona que vai usando a avaliação fisiológica todas as pré-epocas e durante a época. O Palmeiras, no Brasil, já apostou também nesta área para a época de 2015/2016. Altamiro Bottino, que fazia o mesmo papel na Selecção de Sub-20 Brasileira, assumiu o cargo. A Selecção Portuguesa também já possui pessoas nesta área. João Brito, por exemplo, assumiu o cargo de fisiologista na Federação Portuguesa de Futebol após o Mundial’14. Deixo-vos com as palavras de Fernando Gomes:

“Entendemos que a prevenção de lesões e recuperação de atletas é absolutamente fundamental, razão pela qual decidimos trabalhar de forma transversal a área de fisiologia.” (fpf.pt)


Entre estes, muitos outros clubes de topo, muitas outras Selecções Nacionais assumem a importância do bem-estar físico e da avaliação fisiológica. O físico dos atletas tem vindo a ter especial atenção dos clubes de topo. Fica claro que, o treino é muito mais que o que se faz no retângulo. Fica claro que o treinador é apenas a ponta do iceberg de toda uma estrutura montada por clubes organizados, que pretendem ser competitivos e que anseiam pelo topo.
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